Meu bebé pequenino,
Apeteceu-me escrever-te hoje, porque andei na net a ler as coisas mais estúpidas do mundo sobre ser mãe e fiquei triste. Não percebo desde quando é que é in dar a ideia de que não se gosta de ser mãe ou menosprezar quem afirma publicamente que gosta.
A esta hora, já estás no teu berço e apesar do intercomunicador estar sem dar sinais de movimentações, fui espreitar-te porque tive saudades tuas.
Sim, é verdade, tenho saudades tuas quando estou na sala e tu estás no quarto, tenho saudades tuas quando dormes mais horas do que o que é costume, não sabia que isto ia ser assim, mas é e é tão bom.
Também tenho saudades de ir jantar fora com o pai, só os dois, sem estarmos stressados a ver se não acordas, de um bom copo de vinho, de um gin tónico com os amigos, de ir ao cinema, de passar umas horas no cabeleireiro, tenho saudades, mas não tenho vontade de fazer essas coisas.
Achei que ia ter pudor em dar de mamar fora de casa, mas as minhas mamocas já viram a luz do dia em restaurantes, esplanadas, casas alheias e afins.
Até tenho saudades do meu trabalho, mas angustia-me saber que se calhar não vou ser eu a ver os teus primeiros passos ou a ouvir a tua primeira palavra.
E, cúmulo da piroseira, eu sei, à noite, custa-me a adormecer e dou por mim a lembrar-me daquela música dos Aerosmith, porque é isto mesmo o que eu sinto:
Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall a sleep
'Cause I'd miss you baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream of you
The sweetest dream would never do
I'd still miss you baby
And I don't wanna miss a thing
26 de Setembro de 2008