Esta semana, folheei o livro Não Há Famílias Perfeitas, de Marta Gautier, e pensei (é, aliás, um pensamento recorrente) como me irrita o discurso do "todos cometemos erros e não podemos ser criticados por isso".
Se é verdade que todos cometemos erros (já perdi a conta aos que cometi desde que cheguei a casa), já não acho assim tão líquido que não possamos ser criticados por isso. E ainda me faz mais confusão a linha de raciocínio que não só não critica, como desculpabiliza ou avança contra-argumentos. Falo de coisas como "para o feto, pior do que o tabaco, é a ansiedade da mãe que não pode fumar" (já agora, não é verdade que todos os médicos digam isto, há bastantes que dizem que isso é conversa da treta ou de fumador) ou "o meu filho come boiões todos os dias e é mais saudável e inteligente do que o da vizinha que come comida caseira" ou ainda "os cinco minutos por dia que estou com o meu filho valem mais do que muitas horas diárias que outros pais passam com as crianças" e muitas outras frases que as pessoas repetem para si próprias.
É verdade que não há famílias perfeitas, mas há umas mais perfeitas que outras.