Há quatro meses atrás, a esta hora, estávamos no hospital, eu ligada ao CTG, ele ao meu lado, ambos a confirmar que, sem ajuda, a miúda não se decidia a vir.
Entrei no bloco operatório pelo meu pé e a médica anestesista espanhola começou a fazer o seu trabalho, falando sem parar sobre tudo e nada.
Deitei-me, deixei de sentir as pernas e comecei a ouvir a voz dos médicos na sala ao lado. Entraram os dois, depois o pediatra e finalmente o futuro pai, de fato descartável azul, qual Dr. McDreamy (mas muito mais sexy).
Não sei bem quanto tempo passou, mas às 16.25h, a M. saiu da minha barriga, eu vi o reflexo dela espelhado no projector de luz por cima de mim, ouvi-a chorar e chorei também.
Depois, aqueles instantes de confusão: o pai a disparar flashes, o pediatra a fazer medições e afins e a dizer "Isto vai dar muita despesa", os médicos a acabarem, já em amena cavaqueira sobre as férias que se aproximavam e eu a soluçar que nem uma madalena.
Ela chegou ao pé de mim ao colo do pai, encostei a minha cara à dela e percebi que agora era a valer.